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Os anti-Alzheimer aducanumabe e lecanemabe serão aprovados no Brasil?

Os anti-Alzheimer aducanumabe e lecanemabe serão aprovados no Brasil?

Na luta contra a doença de Alzheimer, aducanumabe e lecanemabe renovam esperanças. Essas substâncias são novos agentes cujo mecanismo de ação pode retardar o avanço da doença.

Nessa batalha contra a doença de Alzheimer, aducanumabe (ou aducanumab) foi a grande mudança.

Um breve histórico do anti-Alzheimer aducanumabe

Pense bem. Era 2021, um ano em que já contávamos amargurados 18 anos sem um novo tratamento para a doença de Alzheimer.

Eis que então sai a notícia (em 2021) de que o Food and Drug Administration (FDA) aprovou um novo medicamento para tratar a doença: o aducanumabe (nome comercial Aduhelm). Trata-se de um anticorpo monoclonal humano.

Esse tal de FDA nada mais é do que, nos Estados Unidos, a instituição equivalente à nossa Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Isso significa que ele é a agência que regula o setor farmacêutico nos Estados Unidos.

É verdade que, em 2016, os resultados promissores obtidos nas pesquisas com o anti-Alzheimer aducanumabe chegaram a aparecer na capa da revista “Nature”! Ora, é evidente que uma publicação em uma revista dessas gera muita confiabilidade.

Mas, naquela época, ainda eram pesquisas com uma droga experimental. Uma grande esperança como tantas outras que não saíram do papel. Porém, daí a conseguir aprovação pela agência reguladora do país para comercialização… isso sim é realização.

Então, obviamente, foi um alvoroço. Depois de quase duas décadas, não havia como não ser. Afinal, é uma doença cada vez mais comum e disseminada. E quando se imagina todos os países do mundo, seus cientistas e tecnologias procurando tratamentos e que, mesmo assim, não surge nada novo em quase duas décadas, fica até parecendo uma missão impossível – pelo menos para a nossa época.

Mas é aí que está. É tudo uma questão de tempo. E foi isso que o aducanumabe (ou aducanumab) trouxe, em primeiro lugar. Uma pista de que talvez tenhamos chegado a esse tempo, à época em que começa a virada desse jogo que até agora não conseguimos vencer.

O aducanumabe foi também o primeiro considerado realmente capaz de retardar o avanço da doença

Em segundo lugar, pode-se dizer que o grande trunfo desse novo medicamento foi seu mecanismo de ação – ser o primeiro a ser aprovado como um agente cujo mecanismo de ação impede ou retarda o avanço da doença. Isso porque os demais medicamentos utilizados praticamente se limitam a tratar os sintomas.

Mas como atua o anti-Alzheimer aducanumabe?

Bom, a destruição neuronal, isto é, a perda de células cerebrais (neurônios) que ocorre na doença de Alzheimer se deve, em parte, às chamadas placas de proteína beta-amilóide.

Durante o curso da doença, essas placas de proteína beta-amilóide vão se acumulando no cérebro progressivamente. O acúmulo vai aumentando. Isso explica, em parte, por que a doença avança e vai piorando.

E é aí que entra o anti-Alzheimer aducanumabe. Ele consegue remover essas placas, realizando um tipo de limpeza no cérebro.

Em outras palavras, esse medicamento reduz a quantidade de placas beta-amiloide. Com isso, ele tem o potencial de restaurar ou melhorar a função neurológica. Isso porque, ao remover as placas, ele interrompe parte do processo que leva à progressão da doença de Alzheimer, retardando assim essa progressão1.

Por isso, ele é chamado de agente anti-amiloide.

Então por que o novo agente para Alzheimer aducanumabe ainda não foi aprovado para comercialização no Brasil?

Quando ocorreu a aprovação desse novo medicamento para comercialização nos Estados Unidos, é claro que se pensou que ele seria aprovado também aqui no Brasil. Em sequência, é claro. Porque para ser aprovado aqui, ele precisa passar pelo aval da ANVISA, nossa agência reguladora.

Mas, não foi isso que ocorreu. A ANVISA fez as análises e avaliações necessárias, que faz para qualquer novo medicamento, e negou o registro. Pelo menos, por enquanto.

Para a maior parte dos especialistas da área, a decisão da ANVISA está correta. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), por exemplo, concorda com essa decisão1.

No exterior, acontece o mesmo. A comunidade científica mundial, bem como as sociedades especializadas, como, por exemplo, a American Geriatric Society (AGS), que é a Sociedade Americana de Geriatria, também são contra o uso desse medicamento por enquanto1. Mesmo após a aprovação pelo FDA.

Que motivos levam à rejeição desse medicamento?

Esses especialistas acreditam que as pesquisas realizadas com o medicamento para Alzheimer aducanumabe são ainda insuficientes. Por esse motivo, eles acham, inclusive, que a decisão do FDA (que aprovou a comercialização nos Estados Unidos) foi prematura1.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)1, para começar, a melhora causada por esse medicamento é muito discreta.

Além disso, essas entidades e especialistas estão preocupados com os riscos do uso desse medicamento. Isso se dá, em parte, com base em efeitos colaterais (adversos) que foram observados durante as pesquisas1.

Tais efeitos adversos foram observados no cérebro: edema (inchaço) e micro hemorragias.

Outra preocupação é o custo do medicamento, que é extremamente elevado1, e que faria indivíduos cheios de esperança gastarem fortunas para ter acesso a um medicamento que ainda não é considerado nem eficaz o suficiente nem seguro o bastante.

Mas, é claro que essa visão pode mudar. Como diz a SBGG, os efeitos a longo prazo serão observados com o tempo, conforme ele for sendo comercializado e utilizado nos Estados Unidos e nos demais países que o aprovarem.

Então, se os benefícios superarem os riscos, ele ainda pode ser aprovado para uso no Brasil.

Enquanto o aducanumabe não convence, as expectativas recaem sobre o lecanemabe (ou lecanemab)

Os mesmos laboratórios farmacêuticos que lançaram o aducanumabe estão conduzindo as pesquisas com o lecanemab (ou lecanemabe), outro anticorpo monoclonal humano. Este novo agente tem o mesmo mecanismo de ação do primeiro: age removendo as placas de proteína beta-amiloide. Ou seja, é também um agente anti-amiloide.

A organização norte-americana Alzheimer’s Association (Associação de Alzheimer) parece entusiasmada. Conforme a organização, os resultados obtidos até agora com o lecanemab são os mais encorajadores quando comparados com outros agentes que combatiam as causas da doença2.

De acordo com a organização, esse medicamento tem o potencial de mudar significativamente o curso da doença de Alzheimer em pessoas que estejam nos estágios iniciais2.

“Esses resultados indicam que o lecanemab pode dar às pessoas mais tempo de preservação de suas habilidades totais para participar da vida diária, permanecer independente e tomar decisões futuras sobre cuidados de saúde”.

Os resultados aos quais a organização se refere são os dados parciais, que foram anunciados pelos laboratórios que conduzem as pesquisas.

A organização assume que o benefício se daria especialmente para quem tem ainda declínio cognitivo leve ou precoce em função da doença. Defende que, nesses casos, um tratamento que pudesse retardar a doença seria como aqueles “que prolongam a vida de pessoas com outras doenças terminais”.

Todavia, por enquanto, as pesquisas com o lecanemab ainda não foram concluídas. Estão em estágio avançado e agora todos os interessados aguardam ansiosos a divulgação dos últimos resultados, que supostamente se dará ainda neste ano.

A partir daí, se os resultados forem convincentes, isto é, caso haja benefícios significativos e segurança, a aprovação pelo FDA e, depois, aqui no Brasil, é possível. Resta-nos então aguardar mais um pouco para saber.

O gantenerumabe, outro anticorpo monoclonal, não mostrou benefícios na doença

O laboratório farmacêutico Roche também esteve testando um anticorpo monoclonal anti-amiloide, ou seja, um agente semelhante ao aducanumabe e lecanemabe, denominado gantenerumabe (gantenerumab).

Os resultados dos últimos testes acabam de sair. Infelizmente, ele não se mostrou eficaz contra a doença3.

De acordo com a Roche, o gantenerumabe não conseguiu remover placas beta-amiloide tanto quanto esperado nem retardar o declínio cognitivo provocado pela doença3.

Esse resultado acaba aumentando ainda mais os holofotes e as expectativas sobre o lecanemabe.

De qualquer maneira, considerando toda essa dificuldade de encontrar um tratamento verdadeiramente eficaz ou mesmo a cura, é bom saber que, pelo menos, há como prevenir a demência de Alzheimer e outras.


Referências

  1. SBGG. Posicionamento SBGG. Aducanumab para Alzheimer. Disponível em
    https://sbgg.org.br/aducanumab-para-alzheimer/
  2. Alzheimer’s Association Statement on Lecanemab Phase 3 Topline Data Release. Disponível em https://www.alz.org/news/2022/alzheimers-association-statement-on-lecanemab-phas
  3. Roche provides update on Phase III GRADUATE programme evaluating gantenerumab in early Alzheimer’s disease. Disponível em https://www.roche.com/media/releases/med-cor-2022-11-14

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