O uso de omeprazol sem receita e ainda por tempo prolongado pode ter sérias consequências.
Esse medicamento, usado para prevenção de tratamento de gastrite, úlceras e refluxo, pode ser comprado sem receita médica. E a facilidade de acesso promove uma falsa sensação de ausência de risco.
Neste artigo, você entenderá quais os principais riscos envolvidos no uso indiscriminado desse medicamento.
Infecção bacteriana é um dos riscos do uso de omeprazol sem receita
O omeprazol atua reduzindo a acidez gástrica (estomacal). É dessa forma que ele trata e previne doenças relacionadas ao excesso de acidez, como gastrite, úlcera e refluxo.
Porém, a diminuição da acidez no tubo digestivo promove o crescimento e a proliferação das bactérias comumente existentes nessa região. Isso porque o ácido gástrico normalmente atua como barreira às bactérias ingeridas e ao supercrescimento bacteriano 1,2.
Pois é, essa acidez nos protege do supercrescimento daquelas bactérias que já colonizam nosso tubo digestivo, que fazem parte da nossa flora, e também de muitas daquelas que ingerimos.
Por isso, o uso contínuo de omeprazol eleva o risco de infecções bacterianas gastrintestinais, ou seja, gastroenterites, especialmente por Salmonella, Campylobacter e Clostridium difficile 1,2. Ao reduzir a acidez gástrica, o omeprazol retira um dos nossos naturais e mais importantes fatores de proteção contra infecções.
É verdade que o omeprazol é eventualmente prescrito juntamente com antibióticos para tratar infeção pela bactéria Helicobacter Pylori. Todavia, nesse caso, ele é utilizado por um curto período de tempo. É o uso prolongado que aumenta o risco de desenvolvimento de infecções bacterianas.
O uso prolongado de omeprazol também pode causar osteoporose e demência
A acidez gástrica também é importante para a absorção e o bom aproveitamento de nutrientes da alimentação. Sendo assim, o uso de omeprazol prejudica a absorção de certos nutrientes, podendo assim causar doenças.
Por exemplo, estudos mostram que o omeprazol aumenta o risco de osteoporose. Isso provavelmente ocorre porque esse medicamento interfere na absorção de cálcio e nos níveis desse mineral e também de magnésio3.
A falta desses minerais causa perda óssea e, em consequência, osteoporose, aumentando o risco de fraturas3.
O medicamento prejudica ainda a absorção de vitamina B12. A falta desse nutriente eleva ainda mais o risco de fratura e, principalmente, de demência3,4.
Esses efeitos adversos podem ocorrer quando o omeprazol é usado por tempo prolongado
Medicamentos são assim mesmo. Muitas vezes, desregulam certas funções que estão em equilíbrio, causando, dessa maneira, reações adversas. Por essa razão, não devem ser usados quando não existe necessidade.
Todavia, os efeitos aqui relatados costumam ocorrer com o uso prolongado de omeprazol. Por isso, os profissionais costumam prescrever o uso desse medicamento por um período determinado, e não para uso contínuo.
Por exemplo, o médico prescreve o uso de um anti-inflamatório por cinco dias. Junto com ele, prescreve também o omeprazol como protetor gástrico, a ser usado pelo mesmo período. Nesse caso, a função do omeprazol é proteger o estômago dos efeitos do anti-inflamatório.
Nesse caso, o uso do omeprazol é seguro e recomendado, desde que seja, é claro, utilizado conforme a orientação do profissional.
Esse medicamento não deve ser usado, porém, por mais de dois meses. Isso porque é após esse período que o risco de efeitos adversos sobe progressivamente.
O desconhecimento a respeito dessas recomendações e riscos torna desaconselhável o uso do omeprazol sem receita.
Evite tomar não só o omeprazol sem receita, mas também os outros fármacos desse grupo
O omeprazol representa uma família de “protetores gástricos”, na qual todos os integrantes sujeitam o usuário a esses riscos. Portanto, os riscos aqui mencionados estendem-se também ao esomeprazol e pantoprazol, que junto com o omeprazol e outros formam o grupo dos inibidores da bomba de prótons.
Como já mencionei, esse grupo de medicamentos não é indicado para uso contínuo, pois é o uso prolongado que, de fato, oferece os riscos aqui apresentados.
Referências:
- 1. Trifan A et al. Terapia com inibidores da bomba de prótons e risco de infecção por Clostridium difficile: revisão sistemática e meta-análise. World J Gastroenterol 2017; 23 (35):6500-6515. Disponível em https://www.wjgnet.com/1007-9327/full/v23/i35/6500.htm
- 2.Chen Y et al. Use of Proton Pump Inhibitors and the Risk of Hospitalization for Infectious Gastroenteritis. PLoS ONE 2016;11(12): e0168618. Disponível em https://doi.org/10.1371/journal.pone.0168618
- 3.Lespessailles E, Toumi H. Proton Pump Inhibitors and Bone Health: An Update Narrative Review. Int J Mol Sci. 2022;23(18):10733. Disponível em https://doi.org/10.3390/ijms231810733
- 4.Lauer AA, Grimm HS, Apel B, Golobrodska N, Kruse L, Ratanski E, Schulten N, Schwarze L, Slawik T, Sperlich S, Vohla A, Grimm MOW. Mechanistic Link between Vitamin B12 and Alzheimer’s Disease. Biomolecules. 2022 Jan 14;12(1):129. Disponível em https://www.mdpi.com/2218-273X/12/1/129
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